segunda-feira, 20 de março de 2006

Se A, então B; se não A, então B; logo, B

Se A, então B Se não A, então B Logo, B.

Palocci volta a cogitar sua saída do governo

Lula diz que ele fica, sua assessoria nega que ele pense em sair, mas, a despeito de todas as negativas oficiais, Antonio Palocci balança no cargo. Abatido com as novas denúncias, o titular da Fazenda informou a pessoas que desfrutam de sua intimidade que está dividido quanto à conveniência de permanecer no governo. Sente-se desconfortável no posto. Receia que o tiroteio contra ele aumente no calor da disputa eleitoral, resvalando em Lula.

Embora a última palavra do ministro tenha sido de desmentido, não há mais dúvidas no Palácio do Planalto de que Palocci realmente esteve na "mansão do lobby", como ficou conhecida a casa alugada em Brasília por ex-assessores do ministro ao tempo em que foi prefeito de Ribeirão Preto. Ou seja, Palocci não teria dito a verdade quando negou ter estado na casa, em depoimento à CPI dos Bingos.

Nos diálogos que mantêm entre quatro paredes, autoridades do governo alegam em defesa de Palocci que as visitas dele à casa dizem respeito apenas à sua vida pessoal. O ministro não teria participado das reuniões em que os integrantes da chamada "República de Ribeirão Preto" arquitetavam os seus negócios. Daí a negativa de Palocci no instante em que foi inquirido na CPI.

Apesar da ressalva, os principais auxiliares de Lula puseram-se de acordo em relação a um ponto: a oposição, especialmente PSDB e PFL, não vai mais dar trégua a Palocci. A equipe de Lula se divide, porém, quando o debate evolui para os efeitos de uma eventual saída do ministro da Fazenda do governo.

Uma parte acha que a saída de Palocci soaria como um reconhecimento de culpa. Algo que convém apenas à oposição. Outro grupo avalia que a permanência do ministro vai apenas prolongar a sua agonia. O desgaste migraria inevitavelmente da sala do ministro para o gabinete do presidente da República. De novo, a oposição é a maior beneficiária.

A nova crise que se formou em torno de Palocci deve ser debatida nesta segunda-feira em reunião da coordenação política do governo, no Palácio do Planalto. Em diálogo que manteve com um ministro neste domingo, o presidente voltou a dizer que não abre mão de Palocci. Seu afastamento está, segundo diz, fora de questão. Quer que todo o governo saia em defesa do ministro que, por ora, não pediu para sair.

Lula alega que a vida íntima de Palocci é algo que só diz respeito a ele. Se não o afastou antes, não faria sentido demiti-lo agora. Quanto às tentativas da "República de Ribeirão Preto" de obter vantagens no governo, o presidente diz que, ao contrário do que insinua a oposição, foram rechaçadas por Palocci.

Para complicar a situação do ministro e do governo, a oposição reforçará nesta semana as cobranças em relação à quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Ele teve os seus extratos bancários vazados da Caixa Econômica Federal, instituição que pende do organograma da pasta de Palocci, para a revista Época.

O PPS entra nesta segunda-feira com uma queixa-crime cobrando investigações do Ministério Público. Também o advogado de Francenildo, Wlício Chaveiro Nascimento, prepara uma ação judicial contra a Caixa Econômica. De resto, PFL e PSDB planejam aprovar na CPI dos Bingos um requerimento pedindo explicações ao governo sobre o vazamento. Escrito por Josias de Souza às 02h33 20/3/06