As razões para Lula não ir ao debate
Escrito por Fernando Rodrigues às 08h41
29/09/2006
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Lula não compareceu aos debates nesta fase da eleição. Para o Brasil e para a democracia pode ter sido ruim. Para o petista, do ponto de vista tático-eleitoral, não havia alternativa.
Sejamos francos: político quer ganhar eleição. O que Lula poderia ganhar se fosse? Muito pouco. Só que o risco de perder seria sempre enorme.
Numa visão edulcorada da realidade, poetas e "luas-pretas" ao lado de Lula começaram a argumentar há uma semana que o presidente deveria ir ao debate para debelar a sangria de votos que poderia se dar por causa do escabroso "dossiêgate". Por essa teoria, Lula se daria muito bem na discussão, garantiria os votos que já tem e ainda teria até como conquistar alguns outros. A tese é polêmica.
Digamos que num momento ruim Lula se irritasse com a pancadaria. Quando Heloísa Helena o chamasse de covarde ou algo mais. O petista poderia soltar uma palavra mal colocada ou até um palavrão. Pronto. Perderia a eleição. Como bem se sabe, debate não se ganha, apenas não se perde. E Lula estava marcado mais para perder.
Se perdesse, viria o segundo turno e o petista entraria na parada já fragilizado pela derrota na TV. Péssimo cenário para ele.
É claro que a eleição está apertada –ao que parece– e pode ainda dar um segundo turno. Mas nesse caso, como Lula não foi ao debate, não se expôs e vai "fresh" para essa eventual nova fase da disputa.
Para completar, as pesquisas mostram uma certa estabilidade no quadro. Há chance mais do que real também de Lula vencer no primeiro turno.
Esse foi o raciocínio por trás da não-ida de Lula ao debate da TV Globo, na quinta-feira (28/set) à noite.
Ruim para a população, certamente, que não teve a chance de assistir a Lula sob pressão. Mas seguramente uma opção clara do petista pelo caminho mais apropriado para tentar ganhar um segundo mandato.
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