sábado, 17 de março de 2007

Respostas dos exercícios

As respostas dos exercícios 10, 10B e 10C já estão no site.
Abraços.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Flamengo Sessentão

Corria o ano de 1911. Vejam vocês: - 1911! O bigode do kaiser estava,
então, em plena vigência: Mata-Hari, com um seio só, ateava paixões e
suicídios; e as mulheres, aqui e alhures, usavam umas ancas imensas e
intransportáveis. Aliás, diga-se de passagem: - é impossível não ter
uma funda nostalgia dos quadris anteriores à Primeira Grande Guerra.
Uma menina de catorze anos para atravessar uma porta tinha que se pôr
de perfil. Convenhamos: - grande época! grande época!

Pois bem. Foi em 1911, tempo dos cabelos compridos e dos espartilhos,
das valsas em primeira audição e do busto unilateral de Mata-Hari, que
nasceu o Flamengo. Em tempo retifico: - nasceu a seção terrestre do
Flamengo. De fato, o clube de regatas já existia, já começava a tecer
sua camoniana tradição náutica. Em 1911, aconteceu uma briga no
Fluminense. Discute daqui, dali, e é possível que tenha havido tapa,
nome feio, o diabo. Conclusão: - cindiu-se o Fluminense e a
dissidência, ainda esbravejante, ainda ululante, foi fundar, no
Flamengo de regatas, o Flamengo de futebol.

Naquele tempo tudo era diferente. Por exemplo: - a torcida tinha uma
ênfase, uma grandiloqüência de ópera. E acontecia esta coisa sublime:
- quando havia um gol, as mulheres rolavam em ataques. Eis o que
empobrece liricamente o futebol atual: - a inexistência do histerismo
feminino. Difícil, muito difícil, achar-se uma torcedora histérica.
Por sua vez, os homens torciam como espanhóis de anedota. E os
jogadores? Ah, os jogadores! A bola tinha uma importância relativa ou
nula. Quantas vezes o craque esquecia a pelota e saía em frente,
ceifando, dizimando, assassinando canelas, rins, tórax e braços
adversários? Hoje, o homem está muito desvirilizado e já não aceita a
ferocidade dos velhos tempos. Mas raciocinemos: - em 1911, ninguém
bebia um copo d'água sem paixão.

Passou-se. E o Flamengo joga, hoje, com a mesma alma de 1911. Admite,
é claro, as convenções disciplinares que o futebol moderno exige. Mas
o comportamento interior, a gana, a garra, o élan são perfeitamente
intuais. Essa fixação no tempo explica a tremenda força rubro-negra.
Note-se: - não se trata de um fenômeno apenas do jogador. Mas do
torcedor também. Aliás, time e torcida completam-se numa integração
definitiva. O adepto de qualquer outro clube recebe um gol, uma
derrota, com uma tristeza maior ou menor, que não afeta as raízes do
ser. O torcedor rubro-negro não. Se entra um gol adversário, ele se
crispa, ele arqueja, ele vidra os olhos, ele agoniza, ele sangra como
um César apunhalado.

Também é de 1911, da mentalidade anterior à Primeira Grande Guerra, o
amor às cores do clube. Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto
uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo, a camisa é tudo. Já
tem acontecido várias vezes o seguinte: quando o time não dá nada, a
camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes,
bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, abatidos. Há de
se chegar o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de
técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do
furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha
inexpugnável.

Nélson Rodrigues
Manchete Esportiva, 26/11/1955

quinta-feira, 1 de março de 2007

Texto para análise - 1B

O texto 1B, sobre o acordo Brasil-Bolívia, já está no site.
Abraços.