terça-feira, 26 de outubro de 2010

Palestras com o Prof. Walter Carnielli

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Linha de Pesquisa - Lógica e Filosofia da Ciência


Palestras com o Professor Walter Carnielli


Multimodalidades: lógica, computação e filosofia
Quarta-feira, 27/10/2010, 14h, sala 3048 FAFICH 

A ideia de necessidade, à qual se  opõe  o que é contingente,  é
antiga  no pensamento filosófico. A par da necessidade metafísica, os
lógicos  e filósofos se referem às  necessidade  lógica, física e ao
necessário a posteriori, às quais estão ligadas várias noções de
possibilidade. De que maneira  a lógica modal, vista como o estudo do
raciocínio que envolve o uso das expressões  'necessariamente' e
'possivelmente', trabalha com tudo isso? Existem modalidades
não-clássicas, ou as  noções de modalidade não as  admitem? Seria a
'consistência' uma noção modal?  E o que tem isso tudo a ver com os
mundos possíves? E com os mundos impossíveis? Pretendo introduzir  a
matemática das modalidades e das multimodalidades, incluindo ideias
básicas da  combinação de  lógicas, discutir alguns  de seus problemas
e ajudar a   compreender porque a  lógica modal ocupa hoje uma posição
tão privilegiada na  filosofia, na computação e na linguística.


Lógica, argumentação e pensamento crítico: um programa
Quinta-feira, 28/10/2010, 12h, sala 3048 FAFICH

Nos últimos 30 anos, o estudo da argumentação conheceu um grande
desenvolvimento e se transformou num campo de estudo independente e de
alto valor estratégico, mas  que é ainda  pouco difundido  no  Brasil.
Contudo, conhecer a estrutura íntima dos argumentos é fundamental para
o discurso filosófico, científico e político-social. Pretendo discutir
a proposta de um  programa introdutório  à atividade  de pensar
criticamente  com bases  rigorosas e com suporte na Lógica, embora
não-formal,  enfatizando  não somente a persuasão e a formulação de
bons argumentos mas a defesa contra ataques argumentativos.


Lógica Quântica, suas Vertentes Modais e a Incompletude
Quinta-feira, 28/10/2010, 16h45, sala 3060 ICEx

A palestra pretende  oferecer  uma  introdução gentil e convidativa  a
certas questões envolvendo  lógica e informação  quãntica. Mostro como
algumas classes de  lógicas  multi-modais com formas fracas de negação
são incompletáveis com respeito às semânticas de  Kripke. Argumento
que esta dificuldade,  além de seu interesse  filosófico intrínseco,
pode ser relevante  para a expressabilidade da informação quântica em
termos lógicos. Contudo, a incompletude não afetaria em princípio as
"semânticas modais de traduções possíveis"; considerando que tais
semânticas, tanto quanto as semânticas de Kripke, caracterizam lógicas
modais com vocação quântica, a adoção das semânticas modais de
traduções possíveis pode ser uma interessante alternativa. Discuto
outras abordagens e problemas ligados a esta questão.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Palestra - From Natural Deduction to Lambda Calculus

Palestra com o professor Alexis Saurin PPS/Paris-França

From Natural Deduction to Lambda Calculus

Quinta-feira, sala 4094, 18h

sábado, 9 de outubro de 2010

Comparativo dos governos Lula/PT e FHC/PSDB

Olá para todos.

No link abaixo está um demonstrativo muito didático dos resultados dos governos Lula/PT e FHC/PSDB.

Antes que alguém replique dizendo que a eleição é entre a Dilma e o Serra blá, blá, blá, lembro que os candidatos tem partidos e tais partidos já governaram o Brasil e vários estados. Então, vale sim comparar os resultados efetivos do PSDB com os do PT no governo. E no caso da eleição para presidente, temos à disposição dados dos 4 últimos governos, que foram justamente do PSDB e PT. Em poucas palavras: dizer que não cabem comparações entre os governos FHC e Lula na hora de decidir entre Dilma e Serra é um argumento muito, muitíssimo falacioso. 

Outra coisa que é bom lembrar. Concordo que especialmente o primeiro governo do FHC teve méritos. É verdade que tais méritos deveriam ser compartilhados com o Itamar, que recebeu o governo em um momento grave da nossa história recente. Mas o governo FHC/PSDB colaborou para o fim da inflação, para a consolidação da democracia, liberdade de expressão, essas coisas todas. Fez algumas privatizações acertadas e outras não, embora certamente muitas (todas?) tenham sido feitas da forma errada. Mas essa não é a discussão que me parece mais relevante agora.

Eu hoje sou otimista em relação ao Brasil como não era nos tempos absolutamente obscuros dos governos militares, sarney, collor...  O PSDB tem méritos, como o PT também. Certamente Lula foi bem-sucedido no governo em alguma medida devido a acertos dos governos anteriores.


Mas o fato é que hoje temos uma decisão a tomar. E há dados, sobretudo no que diz respeito à educação e à distribuição de renda, que revelam sim uma diferença entre PT e PSDB no governo. E tenho uma profunda convicção de que ISSO é o que vai continuar a tornar o Brasil melhor, para nós, nossos amigos, nossas famílias e nossos filhos.

Quanto às fontes: admito que acredito nelas - ingenuamente talvez. Mas se alguém tiver algo a dizer sobre isso, i.e. se os dados do comparativo acima estão errados, manifeste-se então, indicando onde e por quê.

Abraços 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Filosofia das Ciências Biológicas – Terapia Ocupacional

Seminários
Grupo 1: O que é ciência? – 28/9
Grupo 2: O que significa 'vida'? – 26/10
Grupo 3: Como a ciência explica o mundo natural? – 9/11
Grupo 4: Como  biologia explica o mundo vivo? – 16/11
Grupo 5: A construção de um novo indivíduo – 23/11
Os textos já estão disponíveis na xerox.
Dia 30/11: exame especial
Seminários: exposição de 60 minutos + debates
Obrigatório a apresentação de resumo esquemático e trabalho escrito com mínimo de 5 laudas e bibliografia.
A participação nos debates dos grupos é obrigatória para todos os alunos.
No link
https://sites.google.com/site/textoslogica/arquivos/trab_acad.pdf
está a apostila sobre elaboração de trabalhos acadêmicos. Lembro que para o trabalho a ser entregue não necessário capa nem índice.

domingo, 12 de setembro de 2010

Aviso: não haverá aula dia 14/9

Olá para todos.
Não haverá aula no dia 14/9, terça-feira, pois estarei em um evento na UERJ, Teorias Lógicas Contemporâneas e Filosofia da Linguagem, de 13 a 15 de setembro.
Nossa próxima aula será dia 21/9.
Abraços
Abílio

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Filosofia das Ciências Biológicas - aula 14/9

Olá para todos.
Hoje iniciamos a leitura do cap. 5 do Warburton sobre ciência e método científico.
Na próxima terça-feira não haverá aula por conta do feriado. 
Na aula do dia 14/9 haverá atividades em sala, incluindo um questionário sobre o texto, da p. 167 até a p. 179.
Para quem eventualmente ainda não tem o texto, uma cópia em pdf está no link
Abraços

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Argumentos não-dedutivos

Olá para todos.

Abaixo, uma apostila sobre argumentos não-dedutivos, que inclui generalizações indutivas e argumentos por analogia.

http://dl.dropbox.com/u/5959592/apostilas_logica/inducao.pdf

E para que estiver interessado, abaixo dois textos sobre o problema da indução.

sábado, 21 de agosto de 2010

Definições

Um bom texto sobre definições
http://criticanarede.com/definicao.html

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Notas lançadas

Olá para todos.
As notas finais de História da Filosofia Contemporânea I já foram
lançadas na minhaUFMG.
Abraços.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Notas - História da Filosofia Contemporânea I

Olá para todos.

Devido a problemas no lançamento das notas na minhaUFMG, não pude lançar as notas finais de História da Filosofia Contemporânea I.

Não recebi os trabalhos de 
RUBENS DE ANDRADE ROCHA  
ELBA CAROLINA OLIVEIRA SILVA  

O aluno 
JONAS FELIPE PINHEIRO BRAVO  
deve entrar em contato comigo por email (abilio.arf@gmail.com) o mais rápido possível para tratar do exame especial.

Abraços e boas férias.



segunda-feira, 5 de julho de 2010

Greg Restall - Proof Theory and Philosophy

Olá para todos. 

No link abaixo
está o pre-print do livro do Greg Restall, Proof Theory and Philosophy.

Abaixo, uma breve apresentação do próprio Restall
(está no link
http://consequently.org/writing/ptp/)

This is my next book-length writing project. I am writing a book which aims to do these things:
1. Be a useable textbook in philosophical logic, accessible to someone who's done only an intro course in logic, covering at least some model theory and proof theory of propositional logic, and maybe predicate logic.
2. Be a user-friendly, pedagogically useful and philosophically motivated presentation of cut-elimination, normalisation and conservative extension, both (a) why they're important to meaning theory and (b) how to actually prove them. (I don't think there are any books like this available, but I'd be happy to be shown wrong.)
3. Present the duality between model theory and proof theory in a philosophically illuminating fashion.
4. Teach both formal philosophical logic in such a way that is not doctrinaire or logically partisan. That is, I will not argue that classical logic, or that intuitionistic logic, or that My Favourite Logic is the One True Logic. (Of course, hearing me say this is not a surprise.)
5. I am (at this stage, at least) planning to make the book available for download as well as published by an academic publisher.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Segundo trabalho de História da Filosofia Contemporânea I

Olá para todos.
As notas do segundo trabalho de História da Filosofia Contemporânea I já foram lançadas na minhaUFMG.
Os alunos abaixo não entregaram o segundo trabalho.
ANTERO AMANCIO FIUZA GOULART
JOSE LUIS CARVALHO AFONSO
LUIZA SOARES LOPES
MARIA JOSÉ CHAVES DE LIMA
SOFIA NOMAN FILIZZOLA
VITOR AMARAL MEDRADO
WALLISON ALVES BRANDAO

sábado, 26 de junho de 2010

Foucault e Searle - sobre a clareza

I had a friend visiting me who is not famous for clarity, Michel Foucault. [Risos na platéia.] One day I said to him: how can you write so badly? […] He said to me in French: "Look, if I wrote the way you do, as clearly as you do, nobody in Paris would take it seriously. [Risos na platéia.] They would think it is childish to try to write so clearly." Oh come on, you are pulling my leg. And he said: "No. In France you have to have at least ten percent that it is totally incomprehensible."

--John Searle

Postado em 6/5/2010 no blog (muito bom por sinal) problemasfilosoficos.blogspot.com do professor Alexandre Machado da UFPR. 

http://problemasfilosoficos.blogspot.com/2010/05/john-searle-e-michael-foulcaut-sobre.html

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sobre fazedores-de-verdade

Olá para todos. 

Escrevo para lembrar que os seguintes textos sobre fazedores de verdade estão disponíveis

Kevin Mulligan; Peter Simons; Barry Smith - Truth-Makers - 1984

E dois textos meus: 


Abraços

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Prova de História da Filosofia Contemporânea I – junho/2010

Olá para todos.
A segunda prova de História da Filosofia Contemporânea I está disponível no link
http://dl.dropbox.com/u/5959592/prova_HFC1_P2.pdf
A prova é individual. O prazo de entrega é 16/06/2010.
Abraços e boa sorte.

Algumas reações ao trabalho de Tarski (de 1960 a 2001)

if 'the Snark was a Boojum' is a sentence of the object language under consideration, we must define 'true'

'The Snark was a Boojum' is true if and only if the Snark was a Boojum.

But what does this tell us? If it tells us anything (and a strong case can be made out for the view that it doesn't), what it dos is to convey the information that the sentences on the left and right of the 'if and only if' are somehow equivalent: that, e.g. anyone who accepts the one is committed to accepting the other. This may be an important fact, if it is a fact, about the usage of 'true', but it is hardly the sort of fact that the correspondence theorist thought that he was pointing out.

Putnam – 'Do true assertions correspond to reality?' in Mind, Language and Reality – Philosophical Papers vol. 3. – 1975 (1960), p. 71.

 

we have been mislead into thinking that Tarski's semantics is semantics by the usual inductive definitions of satisfaction and truth in an interpretation. There it seems that we have something like the world, and denotation, and that we are establishing a relation between sentences and the world. It appears however that this is only a mirage, and the truth is part of the morphology of language.

Tarski's approach through (T) undermines his work on truth both as an attempt to capture the classical conception of truth and as an attempt to formulate a semantic account of truth.

ChateaubriandLogical Forms, 2001, pp. 230, 214.

 

The reason for my uneasiness concerning the notion of truth was, of course, that this notion had been for some time attacked by some philosophers, and with good arguments. It was not so much the antinomy of liar which frightened me, but the difficult of explaining the correspondence theory: what could the correspondence of a statement to the facts be?

Tarski's theory, as all you know, and he stressed first, is a rehabilitation and an elaboration of the classical theory that truth is correspondence to the facts.

PopperObjective Knowledge, 1972 (196?), pp. 320, 323.

 

convention T is expressed in terms of the object language L and the metalanguage ML, but it states something about the relations between language L and the (rest of) the world. This hold even of the example (5) [(5) 'snow is white' is true if and only if snow is white], which is based upon contingent facts about the use of the terms 'snow' and 'white' in English. It is a tautology to state that 'snow' means (the same as) 'snow', but it is a fact of English that 'snow' means snow.

Niiniluoto – Tarskian Truth as Correspondence – Replies to some objections, 1999, p. 97.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tarski

Olá para todos.
Hoje e nas próximas aulas estudaremos a definição de verdade de Tarski.
Além dos textos disponibilizados na xerox, podem ser úteis:

Kirkham - Alfred Tarski's Semantic Theory
http://sites.google.com/site/textoslogica/arquivos/Kirkham_Tarski.pdf

Um texto meu sobre a concepção de verdade de Tarski
http://sites.google.com/site/textoslogica/arquivos/tarski_abstracta.pdf

Chateaubriand - Tarski's Semantic Conception of Truth
http://sites.google.com/site/textoslogica/arquivos/OC_C7_TARSKI.pdf

Claudio Costa - Teorias da Verdade
http://criticanarede.com/html/met_tverdade.html

Abraços

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mais Sidney Harris


Sobre o argumento da funda (the slingshot) II

Abaixo, texto do Quine, Three grades of modal involvement, onde é apresentada uma versão do slingshot

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Milagres...

O sujeito que não acredita em milagre é capaz de tudo. Basta ver-lhe a face espessa, o riso encharcado de saliva, o ríctus alvar e, em suma, toda uma inestancável estupidez a escorregar-lhe da figura abominável. É susceptível dos piores sentimentos. E conheci um que não respeitava nem as cunhadas! Quanto a mim, com satisfação o confesso: – acredito piamente em milagre. Ou por outra: – só acredito em milagre.

A meu ver o fato normal, o fato lógico, o fato indiscutível merece apenas a nossa repulsa e o nosso descrédito. É preciso captar ou, melhor, extrair de cada acontecimento o que há, nele, de maravilhoso, de inverossímil e, numa palavra, de milagre. E não vejo como se possa viver e sobreviver sem esse milagre.

Agora mesmo no plano do futebol, temos um autêntico – o do América. Pergunto: – o que é a jornada do América, do fim do returno até hoje, senão isto mesmo, ou seja, o milagre taxativo, irrefutável, triunfal? Basta ver o seguinte: – entre nós, o futebol vinha se arrastando em termos crassamente esportivos e técnicos. Faltava-lhe esse mínimo de maravilhoso, sem o qual os times, as pessoas e as nações fenecem na mais torva e ignara das mediocridades. A rigor só havia, em campos brasileiros, um único e escasso milagre, qual seja o da camisa rubro-negra.

De fato, o que se sucede com a camisa do Flamengo desafia e refuta todas as nossas experiências passadas, presentes e futuras. Vejam vocês: – uma camisa que só falta dar adeusinho e virar cambalhota. Quando o time não dá mais nada, quando a defesa baqueia, e o ataque soçobra, vem a camisa e salva tudo. Diante dela, todos se agacham, todos se põem de cócoras, todos babam de terror cósmico. E vamos e venhamos: – como resistir a uma camisa que tem suor próprio, que transpira sozinha, que arqueja, e soluça, e chora? O Flamengo só perde quando não põe para funcionar o milagre da camisa.

Vejamos o América: – suas atuações pertencem ao mais puro, ao mais genuíno, ao mais categórico sobrenatural. No dia do jogo com o Flamengo, um sujeito urrou, atrás de mim: – " Vá jogar assim no raio que te parta! " De fato, era demais. Mas eu falei em dois milagres no futebol brasileiro: – o América e o Flamengo. Esqueci de um outro, anterior, e que é também considerável.

Eis o caso: – havia, em Niterói, um perna-de-pau, tuberculoso há 14 anos. Devia estar morto, enterrado e, no entanto, sobrevivia o diabo do homem, com um pulmão esburacado e inexpugnável. Em campo, ele corria mais que os outros, os atléticos, os eugênicos. Um dia, porém, o presidente do clube lhe desfere à queima-roupa, o primeiro elogio que o perna-de-pau jamais sofrera.

Foi trágico: – aquele pulmão indômito, que agüentava até chumbo derretido, sucumbiu ao elogio. Explodiu uma hemoptise medonha. O sangue espirrava em todas as direções. Diante dessa hemorragia de esguicho, desse chafariz escarlate, os circunstantes tinham vontade de abrir guarda-chuvas. Querem pôr uma vela na mão do quase defunto.

E, súbito, as golfadas pararam. O perna-de-pau enxuga o lábio e vai, pelos próprios passos, a um consultório: – lá tiram-lhe uma radiografia. E foi um assombro mundial, horas depois, quando o médico viu uma imagem radiográfica de virgem, de passarinho. Eis o milagre: – um elogio assassinara o perna-de-pau e o mesmo elogio o ressuscitara.

Nelson Rodrigues

Publicado originalmente na antiga Manchete Esportiva, no dia 3/3/1956 e no Urublog em 25 /11/09 e em 20/5/10.


Mas ontem não rolou.
Paciência. 

Saudações Rubro-Negras.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sobre o argumento da funda (the slingshot)

Olá para todos. 
Nos links abaixo:
capítulo da minha tese sobre o argumento da funda
http://dl.dropbox.com/u/5959592/arg_da_funda.pdf
um trecho da Stanford
http://plato.stanford.edu/entries/facts/slingshot-argument.html
e o capítulo de Church
http://sites.google.com/site/textoslogica/arquivos/church_intro_04.pdf
Veremos isso na próxima semana.
Abraços

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sobre fatos negativos e universais

Olá para todos.
No link
http://dl.dropbox.com/u/5959592/Natal_2009.pdf
estão slides sobre o problema dos fazedores de verdade de proposições negativas e universais, que é muito semelhante ao problema de Russell
 na Filosofia do Atomismo Lógico. No link 
está um texto sobre fazedores de verdade que na seção 4 trata de proposições negativas e universais. 
Para quem estiver interessado, no link 
está o texto de Demos, A Discussion of a Certain Type of Negative Proposition,  que contesta Russell no que diz respeito aos fatos negativos. 

sábado, 15 de maio de 2010

Avaliação - História da Filosofia Contemporânea I - FIL 009 (2010.1)

A avaliação da disciplina História da Filosofia Contemporânea I será
feita por meio de três trabalhos, denominados aqui T1, T2 e T3. Os
três trabalhos são obrigatórios.
T1 e T2 serão questionários sobre os textos estudados em sala de aula.
As datas de entrega serão ainda divulgadas, mas em princípio os prazos
serão respectivamente fim de abril e fim de maio.
T3 deverá ser um texto de 5 a 8 páginas, com bibliografia, a ser
entregue no fim do mês de junho. O tema pode ser escolhido pelo aluno,
desde que seja algum dos tópicos estudados no curso. Temas
alternativos são possíveis, mas devem ser previamente discutidos com o
professor.
T3 deve ser feito de acordo com a apostila sobre redação de trabalhos acadêmicos
http://sites.google.com/site/textoslogica/arquivos/trab_acad.pdf
(mas não é necessário fazer sumário, nem resumo, nem capa, apenas um
cabeçalho com nome do aluno e título do trabalho).

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Notas da primeira prova

Olá para todos.
As notas da primeira prova já foram lançadas na minhaUFMG.
Abraços

terça-feira, 11 de maio de 2010

Lógica Intuicionista - Professora Elaine Pimentel

Seminário - Lógica Intuicionista
com a professora Elaine Pimentel do Departamento de Matemática da UFMG
Dias 12 e 19 de maio às 15h na sala 4094


Abstract: A lógica clássica trata de "verdade absoluta", no sentido
que uma sentença bem formada é sempre falsa ou verdadeira, onde o
contrário de falso é verdadeiro e vice-versa. Este fato e' descrito
pelo Princípio do Terceiro Excluído (|- forall A. A \/ neg A). Desta
forma, a lógica clássica possui um não-determinismo intrínseco que é
utilizado na matemática em algumas técnicas de prova, como a redução
ao absurdo, por exemplo.

A lógica intuicionista, por sua vez, trata de "provabilidade": um
predicado é válido se e somente se podemos construir uma prova para o
mesmo. Desta forma, o princípio do terceiro excluído deixa de ser um
teorema. As aplicações dentro da matemática não são muito
interessantes. Por exemplo, não podemos "construir" o conjunto dos
números reais, portanto toda a teoria de anáilse intuicionista é sem
sentido. Mas os modelos matemáticos que descrevem a semântica da
lógica intuicionista (Modelos de Kripke, Semi-álgebras de Boole, etc)
são bem interessantes, bem como o estudo da "computabilidade"de
funções. De fato, o "isomorfismo de Curry-Howard" estabelece uma
relação biunívoca entre a lógica intuicionista e uma teoria de funções
chamada lambda-calculus simplesmente tipado. A primeira vive no mundo
lógico enquanto a segunda no mundo computacional.

O objetivo desses dois seminários é apresentar uma introdução à lógica
intuicionista utilizando "cálculo de sequentes", que é um sistema de
provas. Para tal falaremos também um pouquinho de dedução natural.


domingo, 9 de maio de 2010

Primeiro trabalho - História da Filosofia Contemporânea I

Abaixo, alunos que não entregaram o primeiro trabalho de História da Filosofia Contemporânea I, 2010.1

DENISE DAMARIS DA SILVA  
JOSE LUIS CARVALHO AFONSO  
LUIZA SOARES LOPES  
VITOR AMARAL MEDRADO  
WALLISON ALVES BRANDAO  

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Russell - On Denoting

Olá para todos.
No link
está um roteiro para auxiliar na leitura de On Denoting.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A revista veja e a Filosofia

Olá para todos.
Abaixo, links com a matéria da revista veja sobre Filosofia e Sociologia no ensino médio e um texto do prof. Filipe Ceppas (UFRJ) publicado no Jornal da Ciência hoje, 16/4.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Prova de História da Filosofia Contemporânea I

Olá para todos.

A prova de História da Filosofia Contemporânea I está no link

http://dl.dropbox.com/u/5959592/PROVA_HFC1.pdf

Abaixo, algumas informações importantes.

O prazo de entrega é 3/5/2010.
Não serão aceitas provas entregues fora do prazo.
Até o dia 2/5/2010 a prova pode ser enviada por email para abilio.arf@gmail.com
A prova pode ser feita individualmente ou em grupos de no máximo três alunos.
A prova vale vinte pontos, dez para cada questão respondida.
A apresentação de trabalho ou prova escrito todo ou em parte por outra pessoa (por exemplo, proveniente da internet ou de textos sem a devida citação) constitui plágio.
O plágio será punido com a perda dos pontos da questão.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Frege - sobre contextos intensionais

Olá para todos.
No link
http://dl.dropbox.com/u/5959592/Frege_SSR_parte_2.pdf
está um roteiro para a leitura da segunda parte de
SSR, que veremos na aula do dia 12/4.
Abraços

terça-feira, 6 de abril de 2010

Verdade em Frege

Está disponível no link
uma breve análise dos argumentos de Frege no texto O Pensamento que atacam a noção de verdade como correspondência e sustentam que verdade é indefinível. Vejam também o texto do Soames em
Abraços

quarta-feira, 31 de março de 2010

Plano do curso

Olá para todos.
Foram feitas alterações no plano do curso da disciplina História da Filosofia Contemporânea I.
Estão no link 
Note as datas de entrega dos trabalhos: T1 - 3 de maio; T2 - 2 de junho; T3 - 30 de junho.
Para a próxima aula, segunda 5/4, veremos os trechos sobre a verdade em SSR e O Pensamento (disponível na xerox).
Leiam também o texto do Soames disponível na bibliografia auxiliar.
Abraços e bom feriado.
Abílio

terça-feira, 30 de março de 2010

Semântica

Do livro A Ciência Ri - Sidney Harris - 2007

domingo, 28 de março de 2010

Frege e verdade

Olá para todos.

Nas aulas desta semana veremos o argumento de Frege para defender a tese de que a referência de uma sentença é seu valor de verdade, apresentado nas pp. 67-71 de Sobre o Sentido e a Referência
No link
http://sites.google.com/site/filosofiaetc/histfil/argumento_frege.pdf
está uma análise do argumento de Frege e também trechos de outras obras em que Frege trata do mesmo tema.

No parágrafo que começa no fim da p. 69 Frege faz alguns breves comentários sobre a noção de verdade. Esse tema será retomado em um dos últimos textos de Frege, O Pensamento (1918-19, pp. 9-19), cujo trecho relevante está disponível na xerox. 

No link
http://sites.google.com/site/filosofiaetc/histfil/soames_frege_truth.pdf
está um trecho do livro de Scott Soames, Understanding Truth, em que ele analisa a noção de verdade em Frege. 

Abraços

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre o grupo de estudos de lógica

Olá para todos.

Alguns esclarecimentos sobre o grupo de estudos de lógica.

1. 
Os grupos de estudo de 30 horas, como o grupo de lógica, são como disciplinas optativas. Dois semestres equivalem a uma disciplina optativa do tipo "Tópicos em...", de 60 horas (desde que o aluno esteja matriculado na disciplina correspondente ao grupo de estudos).

2. 
O grupo de lógica foi dividido em 2, ambos às segundas-feiras na sala 4094
No primeiro, às 17h, a ênfase será em lógica e argumentação. Estudaremos temas da lógica em sentido estrito mas também tópicos da chamada 'lógica informal' (vejam o link http://criticanarede.com/log_informal.html).
Usaremos o livro do Mortari Introdução à Lógica (Ed. Unesp) e também Pensamento Crítico de Carnielli e Epstein (Ed. Rideel).
No segundo, às 18h40, continuaremos o estudo de tópicos de lógica matemática. Neste semestre estamos estudando o capítulo 2 de Mathematical Logic do Robbin (Ed. Dover). 

3. 
Alunos que querem participar do grupo e estão também interessados na inscrição na disciplina de 30 horas devem enviar email para abilio.arf@gmail.com com nome completo e matrícula até 12h de amanhã, sexta-feira dia 26. Mas para participar do grupo, não é obrigatória a inscrição na disciplina.

Abraços.

Abílio

segunda-feira, 22 de março de 2010

Grupo de lógica

Olá para todos.

Há um grupo de estudos que se reúne às segundas-feiras 18h30. Mas estamos um pouco adiantados, pois começamos em 2009.1. 

Eu posso abrir um novo grupo, por exemplo às 17h, desde que pelo menos 3 alunos estejam interessados.

Os interessados mandem um email para abilio.arf@gmail.com

Abraços



segunda-feira, 15 de março de 2010

Avaliação - História da Filosofia Contemporânea I - FIL 009 (2010.1)

A avaliação da disciplina História da Filosofia Contemporânea I será feita por meio de três trabalhos, denominados aqui T1, T2 e T3. Os três trabalhos são obrigatórios. 
T1 e T2 serão questionários sobre os textos estudados em sala de aula. As datas de entrega serão ainda divulgadas, mas em princípio os prazos serão respectivamente fim de abril e fim de maio. 
T3 deverá ser um texto de 5 a 8 páginas, com bibliografia, a ser entregue no fim do mês de junho. O tema pode ser escolhido pelo aluno, desde que seja algum dos tópicos estudados no curso. Temas alternativos são possíveis, mas devem ser previamente discutidos com o professor. 
T3 deve ser feito de acordo com a apostila sobre redação de trabalhos acadêmicos
(mas não é necessário fazer sumário, nem resumo, nem capa, apenas um cabeçalho com nome do aluno e título do trabalho).

terça-feira, 2 de março de 2010

Material disponível

Olá para todos.
Na xerox já estão disponíveis os textos de Frege, Russell e Tarski.
Na página do curso, 
você encontra também as versões em inglês da maioria dos textos que vamos estudar.
Está disponível também a introdução da Crítica da Razão Pura, de Kant, 
para que possamos contrastar as visões de Frege e Kant acerca das proposições da aritmética. 
Abraços

segunda-feira, 1 de março de 2010

História da Filosofia Contemporânea I

Olá para todos.

No link 
está o site da disciplina História da Filosofia Contemporânea I, onde você encontra material, informações e avisos relativos ao curso.

Já estão disponíveis os textos de Frege que serão utilizados nas próximas aulas:

Conceitografia (parte 1)

Fundamentos da Aritmética (excertos)

Abraços

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Trabalho Filosofia da Lógica

Olá para todos.
Os alunos abaixo ainda não entregaram o trabalho de Filosofia da Lógica
ALLAN COSTA LAGES
ANDREA FERREIRA
FLAVIO VICTOR HORTA PIRES
GYDION AVA DE ALMEIDA KUMMER
JOSE LUIS CARVALHO AFONSO
LUCAS GUSMAO BARRETO
LUCAS JAUED BRAGA FELICIO DA SILVA
RODRIGO CAYRES DAMASCENO
RODRIGO DE FREITAS ALVES
Receberei o trabalho até 14h do dia 17/12, apenas por email.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Flamengo Sessentão - Nelson Rodrigues

Mais uma vez, vale a pena reler o tricolor N. Rodrigues falando do Mengão, 50 e tantos anos atrás.
Abraços
A. 


Flamengo Sessentão
Nélson Rodrigues 
Manchete Esportiva, 26/11/1955

Corria o ano de 1911. Vejam vocês: - 1911! O bigode do kaiser estava, então, em plena vigência: Mata-Hari, com um seio só, ateava paixões e suicídios; e as mulheres, aqui e alhures, usavam umas ancas imensas e intransportáveis. Aliás, diga-se de passagem: - é impossível não ter uma funda nostalgia dos quadris anteriores à Primeira Grande Guerra. Uma menina de catorze anos para atravessar uma porta tinha que se pôr de perfil. Convenhamos: - grande época! grande época!
Pois bem. Foi em 1911, tempo dos cabelos compridos e dos espartilhos, das valsas em primeira audição e do busto unilateral de Mata-Hari, que nasceu o Flamengo. Em tempo retifico: - nasceu a seção terrestre do Flamengo. De fato, o clube de regatas já existia, já começava a tecer sua camoniana tradição náutica. Em 1911, aconteceu uma briga no Fluminense. Discute daqui, dali, e é possível que tenha havido tapa, nome feio, o diabo. Conclusão: - cindiu-se o Fluminense e a dissidência, ainda esbravejante, ainda ululante, foi fundar, no Flamengo de regatas, o Flamengo de futebol.

Naquele tempo tudo era diferente. Por exemplo: - a torcida tinha uma ênfase, uma grandiloqüência de ópera. E acontecia esta coisa sublime: - quando havia um gol, as mulheres rolavam em ataques. Eis o que empobrece liricamente o futebol atual: - a inexistência do histerismo feminino. Difícil, muito difícil, achar-se uma torcedora histérica. Por sua vez, os homens torciam como espanhóis de anedota. E os jogadores? Ah, os jogadores! A bola tinha uma importância relativa ou nula. Quantas vezes o craque esquecia a pelota e saía em frente, ceifando, dizimando, assassinando canelas, rins, tórax e braços adversários? Hoje, o homem está muito desvirilizado e já não aceita a ferocidade dos velhos tempos. Mas raciocinemos: - em 1911, ninguém bebia um copo d'água sem paixão.

Passou-se. E o Flamengo joga, hoje, com a mesma alma de 1911. Admite, é claro, as convenções disciplinares que o futebol moderno exige. Mas o comportamento interior, a gana, a garra, o élan são perfeitamente inatuais. Essa fixação no tempo explica a tremenda força rubro-negra. Note-se: - não se trata de um fenômeno apenas do jogador. Mas do torcedor também. Aliás, time e torcida completam-se numa integração definitiva. O adepto de qualquer outro clube recebe um gol, uma derrota, com uma tristeza maior ou menor, que não afeta as raízes do ser. O torcedor rubro-negro não. Se entra um gol adversário, ele se crispa, ele arqueja, ele vidra os olhos, ele agoniza, ele sangra como um César apunhalado.

Também é de 1911, da mentalidade anterior à Primeira Grande Guerra, o amor às cores do clube. Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo, a camisa é tudo. Já tem acontecido várias vezes o seguinte: quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, abatidos. Há de se chegar o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável.

* * *

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Texto publicado na revista da AFIPE sobre Lógica e Filosofia

Sobre a importância da lógica na filosofia 

Abílio Rodrigues

 

Quantas vezes nós professores, ao coordenar um debate em sala de aula sobre um tema qualquer (filosófico ou não), exigimos dos alunos justificativas bem fundamentadas para suas afirmações? Quantas vezes já combatemos a mera expressão de opiniões baseadas em impressões pessoais?  Quando fazemos isso estamos ensinando os alunos a apresentar argumentos para defender suas posições. A lógica é parte essencial de uma teoria da argumentação que nos fornece ferramentas indispensáveis precisamente para essas tarefas: construir e analisar argumentos.

De certa forma é surpreendente que a importância e o papel da lógica na filosofia suscitem controvérsias. Afinal, desde Aristóteles, que sistematizou pela primeira vez uma teoria da inferência válida – que é o objeto de estudo da lógica – o estudo da inferência válida sempre esteve lado a lado com a reflexão filosófica. A lógica, assim como a ética e a epistemologia, sempre foi uma disciplina filosófica por excelência. E isso por uma razão muito simples, que tem a ver com o caráter crítico da filosofia. Afinal, se vamos ser críticos, isto é, questionar idéias e valores, discutir problemas e teorias propostas para resolver tais problemas, precisamos saber construir argumentos corretamente e analisar os argumentos que nos são apresentados.

 

Lógica e lógicas

A posição central da lógica se reflete nas grades dos cursos de graduação em filosofia que, via de regra, possuem unidades curriculares de lógica nos primeiros períodos. Por outro lado, não é incomum encontrar nos alunos de filosofia um certo estranhamento em relação à lógica, como se a lógica fosse um 'corpo estranho' em meio às outras disciplinas filosóficas. Para alguns alunos parece ser uma surpresa, em um curso de filosofia, encontrar uma disciplina que à primeira vista parece ter um caráter dogmático, uma disciplina cujos resultados são 'exatos' e, assim como as verdades da aritmética que aprendemos no ensino fundamental, não podem ser colocados em dúvida. Quem iria colocar em questão que dois mais dois são quatro? Da mesma forma, parece que os princípios da lógica, como por exemplo o princípio do terceiro excluído e o da não-contradição[1], muitas vezes apresentados como 'leis fundamentais do pensamento', são também verdades que não podem ser rejeitadas em nenhuma hipótese. O resultado disso é uma visão segundo a qual a lógica se baseia em pressupostos que não podem ser questionados e, portanto, não condiz com a postura crítica que é essencial ao estudo da filosofia.

O problema é que a visão acima descrita é equivocada e resulta de um contato superficial com lógica. Para simplesmente constatar que a lógica não é uma disciplina baseada em pressupostos que não podem ser questionados basta mencionar que na verdade não temos uma lógica, mas sim várias. A lógica clássica fornece um tratamento da noção de inferência válida que, embora seja uma ferramenta poderosa, não é isento de controvérsias. E essas controvérsias motivaram a construção de lógicas que são diferentes da lógica clássica, grosso modo, lógicas que possuem diferentes critérios para determinar se uma dada proposição se segue de um conjunto de premissas.[2] A título de exemplo, podemos mencionar, dentre várias outras, a lógica intuicionista, que rejeita o princípio do terceiro excluído, e a lógica paraconsistente, que aceita a presença de contradições – justamente as 'leis fundamentais do pensamento' acima mencionadas.[3] Há também lógicas que ampliam a lógica clássica, como por exemplo as lógicas modais que tratam das noções de necessidade e possibilidade. Em suma: a lógica não é de modo algum uma disciplina baseada em princípios inquestionáveis e há vários problemas filosóficos envolvidos em cada um desses diferentes tratamentos da noção de conseqüência lógica.

 

A lógica e a atividade filosófica

Uma boa parte da filosofia se dedica à tentativa de resolver problemas. Exemplos de problemas filosóficos são: que razões temos para acreditar que Deus existe? Os animais, assim como os seres humanos, têm direitos? Qual é o melhor critério para avaliar as ações humanas? O que distingue o conhecimento genuíno da crença e da mera opinião? Os filósofos, ao apresentar respostas a essas perguntas, elaboram teorias. É por isso que estudamos a ética de Aristóteles, a teoria do conhecimento de Platão, a ética kantiana etc. Teorias são compostas por proposições e a tarefa dos filósofos ao defender suas teorias é justificar a verdade de tais proposições.[4]

O que caracteriza a discussão acerca de problemas filosóficos é a exigência de justificação racional – note-se que isso é exatamente o que marca o surgimento da filosofia na Grécia antiga, quando as explicações da realidade baseadas em mitos foram substituídas pelo discurso filosófico-científico. Quando a filosofia discute se o aborto, o uso de células-tronco ou a eutanásia devem ou não ser condenados a questão não é se uma determinada religião ou sociedade os condena ou não. O que interessa são as justificativas racionais que temos para condená-los ou defendê-los. E tais justificativas são apresentadas na forma de argumentos.

Nós que trabalhamos com a filosofia sabemos perfeitamente que a filosofia não é uma ciência empírica, portanto não pode justificar suas proposições com dados empíricos, nem é uma ciência formal como a matemática cujas proposições são demonstradas. Considere-se, por exemplo, a proposição 'o racismo é condenável' que, em princípio, todos nós estamos prontos a aceitar como verdadeira. Essa proposição não pode ser justificada por meio de uma demonstração nem baseado em fatos empíricos – na verdade, a história nos mostra inúmeras circunstâncias em que o racismo não foi condenado, o que evidentemente não torna o racismo correto. O único modo pelo qual podemos justificar a verdade da proposição 'o racismo é condenável' é por meio de argumentos. E isso é o caso para a maioria (talvez a totalidade) das proposições filosóficas.

 

Sobre a lógica no ensino médio

Para concluir, gostaria de fazer alguns breves comentários sobre o ensino da lógica no ensino médio. Em primeiro lugar, deve ser evitado o uso da lógica de Aristóteles. A lógica aristotélica trata apenas de um tipo especial de argumento, os formados pelas chamadas proposições categóricas, deixando de lado, por exemplo, argumentos tratados pela lógica proposicional (como A ou B, não B; logo A) e argumentos que envolvam relações (como x é maior que y, x é pai de y etc.). Além disso, a lógica moderna possui ferramentas muito mais simples e eficazes para estabelecer se um dado argumento é válido. Por fim, e mais importante, a lógica que é utilizada hoje na teoria da argumentação, na matemática, computação etc. não é a lógica aristotélica. O interesse da lógica aristotélica hoje é puramente histórico.

Outro problema enfrentado nas aulas de lógica diz respeito aos exemplos utilizados. É natural que os alunos não tenham muito interesse na análise de argumentos como todo homem é mortal e Sócrates é homem; logo, Sócrates é mortal. O uso desses exemplos, que sem dúvida têm um caráter didático, não deixa claro para os alunos que a lógica, como parte de uma teoria da argumentação, fornece ferramentas que nos ajudam a tratar problemas filosóficos. O professor deve, assim que possível, usar argumentos de conteúdo filosófico. Quando se estuda lógica sob essa perspectiva fica clara a sua importância para a filosofia. Um dos méritos do livro Lógica: um curso introdutório de Newton-Smith (editora Gradiva, Lisboa) é justamente utilizar argumentos com conteúdo filosófico. Mais exercícios desse tipo podem ser encontrados também na seção de lógica do site Crítica na Rede (http://criticanarede.com) e no site do manual A Arte de Pensar (http://aartedepensar.com), utilizado para lecionar filosofia em Portugal. Nos sites http://filosofiaetc.blogspot.com e http://sites.google.com/site/logicaetc (em permanente construção) há também links e material disponível, inclusive exercícios.

* * *



[1] Dada uma proposição p, segundo o princípio do terceiro excluído, ou p verdadeira ou a negação de p é verdadeira; segundo o princípio da não-contradição, p e a negação de p não podem ser simultaneamente verdadeiras.

[2] Uma discussão filosófica da noção de conseqüência lógica pode ser encontrada no cap. 2 do livro Thinking About Logic de Stephen Read, cuja tradução feita por alunos da graduação em filosofia da UFMG está no link http://filosofiaetc.sites.uol.com.br/txt_read_.htm.

[3] Sobre a lógica paraconsistente, uma boa apresentação é o artigo do professor Décio Krause disponível no site Crítica na Rede (http://criticanarede.com/html/log_paraconsistente.html). Sobre a lógica intuicionista, no link http://sites.google.com/site/logicaetc/Home/intuicionismo.pdf está o preprint de um texto introdutório e bastante acessível que será possivelmente publicado na revista Filosofia, Ciência e Vida. Sobre lógicas não-clássicas em geral e extensões da lógica clássica, há vários verbetes na Stanford Encyclopedia of Philosophy (www.plato.stanford.edu).

[4] Encontramos importantes reflexões e dicas sobre o ensino da lógica e da filosofia nos livros do professor Desidério Murcho (UFOP), A Natureza da Filosofia e o seu Ensino (Plátano, 2002) e O Lugar da Lógica na Filosofia (Plátano, 2003).

domingo, 29 de novembro de 2009


MEEENGOOO!!!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Entrega do trabalho final

Olá para todos.
O prazo para entrega do trabalho final, conforme divulgado em sala, é 9 de dezembro, quarta-feira.
Os trabalhos podem ser enviados por email.
Estarei atendendo na sala 4035 nos dias 30/11 e 1/12 no horário da aula.
Abraços

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lógica modal

Olá para todos.
No link
está a primeira versão de uma apostila sobre lógica modal baseada nos livros do Hugues & Cresswell e Fitting & Mendensohn.
Nela estão as respostas de alguns exercícios do F&M.


sábado, 14 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PALESTRA - Aspectos Filosóficos da Lógica Modal

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Departamento de Filosofia
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
(Mestrado e Doutorado)
 

Aspectos Filosóficos da Lógica Modal
Prof. Desiderio Murcho (UFOP) 

DIA: 12/11/2009
HORÁRIO: 14:00 horas
LOCAL: AUDITÓRIO BAESSE

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Lógica modal - material disponível

Olá para todos. 
estão, respectivamente, os textos de Hughes & Cresswell (em espanhol - sistemas T, S4 e S5) e Fitting & Mendelsohn - modelos para lógicas modais.
Serão usados nas próximas aulas.